Tradução:
NOVOS HORIZONTES
No Festival das Tradições Corais houve o intercâmbio
entre repertório e ouvidos alemães, e
interpretações corais de tango e samba – uma experiência enriquecedora!
Turbantes
verde-primavera e vestes adornadas da Turquia, saias xadrez dos
uniformes escolares
da Argentina e blusas esvoaçantes com cachos de uva dourados do Brasil,
mas,
sobretudo, grandes musicistas, do soprano suave da voz de meninos ao
baixo profundo e ao gutural contralto folclórico, uma vasta gama de
timbres estão representados.
Tudo isso pode ser apreciado no Festival das Tradições Corais. 30 coros
de 15
países diferentes viajaram no início de fevereiro para participar, em
Berlim,
do evento que proporcionado pela Interkultur.
Há anos a
Interkultur convida, no mundo todo, para eventos como este, com competições e
muitos concertos de amizade. Em Berlim as competições se dão no programa
Grand Prix of Nations, que foi sediado em 2015, pela primeira vez, na cidade de
Magdeburg, também na Alemanha, e que deve se repetir a cada dois anos em
outras cidades do país. A ideia central do festival como um todo é o intercâmbio entre coralistas, e é aí que o Rundfunkchor Berlin entra, como parceiro do festival. O coral profissional elevou
seu conceito de „Concerto aberto“ a um novo patamar, ao ensaiarem,
juntamente com coros amadores, um programa todo “A-cappella”. A Missa em Mib
Maior para 2 coros op. 109 de Josef Gabriel Rheinberger e quatro Motetos de
Heinrich Schütz foram interpretados pelo grande grupo de cantores no Concerto
de encerramento do Festival das Tradições Corais na Filarmônica de Berlin.
Já no concerto de
abertura os quase 1000 participantes do festival puderam experimentar a bela
acústica do Auditório de Música de Câmara. Todos cantaram juntos o hino do
festival, composto por Ērik Ešenvald, e puderam apreciar em seguida seis dos
coros visitantes que trouxeram na ocasião uma pequena amostra do seu
repertório.
„Um maravilhoso
prelúdio“, diz Helma Haller. A regente e seu coro brasileiro feminino Collegium
Cantorum se sentem animadas. O Ensemble vem de Curitiba, cidade do sul do
Brasil, com aprox. 1,8 milhões de habitantes. O nível é semi profissional, diz
Helma Haller. Algumas das 16 participantes do grupo são professoras de música.
Já é a terceira vez que participam de encontros da Interkultur e a cada vez o
grupo evolui seu nível consideravelmente, conta ela, tanto em relação à
concentração em uma competição, quanto à consciência da responsabilidade de
representar seu próprio país nos concertos de amizade. “Certamente a prioridade
está, em tais eventos, em ouvir o maior número de coros possível. E dessa vez
ainda temos esse grande e exigente programa juntamente com o Rundfunkchor“. As
brasileiras estão felizes por terem o privilegio de fazem parte desse projeto,
para o qual tiveram de gravar solos e esperar pela resposta de aceitação que,
como esperado, veio positiva para todas as cantoras do grupo que se
inscreveram.
Nicolas Fink conduz
o Projeto e se alegra por assumir o risco. “O canto 'A cappella’ é a maior
disciplina de um cantor. Justamente com os Motetos de Schütz muitas coisas podem
sair errado“, diz ele, mas afirma que está otimista, pois os participantes
vieram para o primeiro ensaio já muito bem preparados. “Isso é um desafio para
todos. Inclusive para mim, como regente, é uma incrível escola, porque eu tenho
que, em muito pouco tempo, me adaptar a um grupo todo novo.”
120 cantores e
cantoras se inscreveram para o programa. Principalmente de Berlim e da região,
mas também as cantoras do Collegium Cantorum. Helma Haller tem pais de origem alemã
e em sua casa sempre se falava e cantava muito em alemão, conta ela. Mas não é
apenas por isso que o Collegium Cantorum sempre de novo prepara repertórios em
alemão. Claudia Römmelt, que dirige o Instituto Goethe em Curitiba há dois anos
faz parte do naipe de contraltos neste
grupo. Música em idioma alemão é o parâmetro para
coros com aspiração internacional, diz ela. Não é preciso saber o alemão com
fluência, apenas pronunciar o texto corretamente e um coro de qualidade
consegue fazer isso. Por esse motivo o projeto foi, para as suas colegas, um
bom treino e, certamente um grande desafio para a correta interpretação
retórica.
O Rundfunkchor Berlin realizou, no outono,
sua primeira turnê na América do Sul. Tiveram apresentações no Brasil e na
Argentina e em Frutillar, no Chile alguns dos cantores ensaiaram com um coral
local a ode de Beethoven „An die Freude“, experiência sobre a qual o tenor
Holgen Marks disse: “Os sul-americanos fazem ótima salsa e merengue, pelas
quais nos animamos muito. Mas da mesma forma eles se animam pelo modo como nós
trabalhamos o repertório alemão “praticamente original”. É uma experiência de
crescimento mutuo“.
Elegante arranjo coral de Piazzolla para „Adios Nonino“.
No festival da Cultura Coral também há muita
originalidade. Assim como pode-se observar no Collegio Northlands da Argentina,
que se esforçou na música francesa
„Tourdion“ e, com muita elegancia, interpretou o arranjo de Astor Piazzolla da
música italiana “Adios Nonino”. Também o Collegium Cantorum de Curitiba
apresenta um programa do próprio país. “Normalmente cantamos repertório de
música sacra europeia, mas certamente trazemos a um concerto de amizade entre
coros internacionais músicas que são esperadas pelos nossos espectadores como
típicas brasileiras”, diz a regente
Helma Haller. Naturalmente faz parte o samba “Aquarela do Brasil” de Ary
Barroso e pequenos tesouros como “Pintasilgo no pinheiro”, do virtuoso compositor
curitibano Bento Mussurunga. Ouvir os outros corais é essencial tanto para os
cantores leigos quanto para os profissionais, diz o diretor do Rundfunkchor Berlin e patrono do
Festival das Tradições Corais, Gijs Leenaars. “Assim como eu que, como regente,
sempre procuro um novo horizonte e observo como outros regentes trabalham,
também espero que os meus cantores saiam do seu pequeno espaço e venham a
conhecer outros timbres. Isso não tem relação com ser melhor ou pior – se é que
isso existe. Mas tem relação com aproveitar situações em festivais como esse e
presenciar e aprender outras técnicas.”
Como representante
do Rundfunkchor Berlin, o barítono Axel Scheidig, junta-se à mesa do
Jury do Grand Prix. Ele não apenas está impressionado com a qualidade dos coros
nas competições, mas principalmente com a coragem de incluir peças rápidas no programa,
como também mostrar personalidades individuais nos timbres. Para isso o júri entrega, ao fim do festival, prêmios especiais. ....
Trabalho minucioso de fraseamento e dicção.
No concerto de
encerramento do festival, onde os movimentos da Missa de Rheinberger se
alternaram com os Motetes de Schütz, Nicola Fink conduziu os cantores e
cantoras à maior expressividade, em especial na articulação em
dinâmica pianíssima. Rostos exuberantes refletem a alegria ao deixar o palco. Também Helma
Haller: „Nós trabalhamos tão minuciosamente as possibilidades de fraseamento e isso junto aos
cantores e cantoras do Coro da Rádio de Berlin, essa sensação com certeza
levaremos para casa, para o nosso próprio coral.”
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